Dr. Herculano Diniz

Uma descrição simplificada de como funciona a diálise, os métodos físicos envolvidos na hemodiálise/hemodiafiltração e diálise peritoneal – chamadas terapias de substituição renal.

Hemodiálise e a difusão

A hemodiálise é um tratamento essencial para pessoas com doença renal crônica. É um método que ajuda os rins a desempenhar sua função de filtrar resíduos e excesso de líquidos do corpo. O processo principal envolvido na hemodiálise é a difusão.

A difusão é um processo em que uma substância vai do local onde há muito dessa mesma substância para onde há menos. 


A difusão é o processo através do qual uma substância passa do lado onde há maior quantidade dela – na imagem do lado esquerdo – para o lado onde há menor quantidade – o lado direito. 

Após algum tempo os dois lados tem uma quantidade parecida dessa substância

No contexto da hemodiálise, isso significa que o sangue contaminado, cheio de resíduos e toxinas, flui através de um filtro especial chamado dialisador, do local onde há muitas dessas toxinas – o sangue – para onde há menos dela – fora desse filtro. 

Figura mostrando o caminho do sangue e da solução limpa – banho de diálise, ou dialisato – através do filtro de hemodiálise.

Esse filtro é feito de material poroso – ou buracos muito pequenos – que permite que substâncias indesejadas, como a ureia e a creatinina, passem para o lado de fora do filtro, onde são descartadas. 

Detalhe do filtro de hemodiálise em maior aumento


Uma foto de microscópio eletrônico em grande aumento de uma “cano” ou fibra do capilar. Seus tamanhos são muito pequenos, 185µm = 0,0185 cm e 35µm = 0,0035 cm

De cima para baixo e da direita para esquerda aumentos cada vez maiores da fibra do filtro de hemodialise – o dialisador – mostrando seus poros, os “buracos” atraves dos quais as toxinas passam do sangue para fora. 

Simultaneamente, substâncias úteis ou muito grandes para passar pela membrana, como eletrólitos, proteínas, são mantidas no sangue.

Assim, a difusão na hemodiálise ajuda a limpar o sangue, restaurando parcialmente a função dos rins.

Hemodiafiltração – Convecção ou Arraste

A hemodiafiltração é uma variação da hemodiálise que também envolve a remoção de resíduos e líquidos indesejados do corpo, mas de uma maneira ligeiramente diferente. Além da difusão, a convecção ou arraste desempenha um papel importante neste método.

A convecção envolve o uso de pressão para forçar o movimento de água e substâncias dissolvidas através de um filtro. No contexto da hemodiafiltração, um mecanismo chamado ultrafiltração é usado para retirar grandes volumes de água e substâncias indesejadas do sangue. Isso ajuda a eliminar resíduos de uma forma mais eficiente do que a difusão sozinha.

Na convecção ou arraste a pressão da agua empurra as toxinas de dentro do sangue para fora através da membrana do filtro

A combinação de difusão e convecção na hemodiafiltração torna o tratamento mais eficaz na limpeza do sangue e no controle do equilíbrio de fluidos.

Diálise Peritoneal – Difusão

A diálise peritoneal é outra opção para a terapia de substituição renal, mas envolve um processo diferente chamado difusão – o mesmo princípio que ocorre na hemodiálise. Neste método, o peritônio, uma membrana na cavidade abdominal, é usado como filtro natural.

Um líquido de diálise especial é introduzido na cavidade abdominal, e esse líquido entra em contato direto com o peritônio. Substâncias indesejadas, como ureia e creatinina, passam do sangue através do peritônio para o líquido de diálise devido à diferença de concentração.

Depois de um período de tempo, o líquido de diálise, agora contendo os resíduos, é drenado do corpo, removendo assim as substâncias indesejadas. Este processo pode ser repetido várias vezes ao longo do dia para manter o equilíbrio adequado de fluidos e eliminar resíduos.

Desenho demonstrando como o líquido limpo – dialisato – colocado dentro da barriga do paciente – cavidade peritoneal – e a esquerda como as substâncias tóxicas passam de dentro dos vasos sanguíneos para o líquido dessa cavidade, que depois é retirado junto a essa sujeira que passou para ele

Hemodiálise com Filtros Revestidos – Adsorção

A hemodiálise com filtros revestidos é uma abordagem mais recente que envolve a adsorção. Neste caso, o filtro do dialisador é modificado com uma camada especial, geralmente feita de materiais adsorventes, que são capazes de atrair e prender moléculas específicas.

Durante a hemodiálise com filtros revestidos ou cobertos, o sangue passa por esse filtro modificado, e as moléculas indesejadas aderem à camada a essa camada de revestimento.. Isso inclui substâncias tóxicas e resíduos que precisam ser removidos do corpo.


Imagem de toxinas aderidas a superfície dos capilares, em uma membrana coberta por uma substância química que promove essa adesão da sujeira a sua superfície – adsorção

A adsorção é eficaz na remoção de substâncias que não podem ser completamente eliminadas apenas por difusão. Portanto, essa técnica é usada para melhorar a qualidade da limpeza do sangue durante a hemodiálise. Tais filtros são utilizados habitualmente em hemodiálise de pacientes com doença aguda diferente dos que são submetidos a hemodiálise crônica. 

Em resumo, as terapias de substituição renal, como a hemodiálise, a hemodiafiltração, a diálise peritoneal e a hemodiálise com filtros revestidos, utilizam diferentes métodos físicos para eliminar resíduos e líquidos indesejados do corpo de pessoas com doença renal crônica. A difusão, e convecção (ou arraste), e a adsorção desempenham papéis cruciais nesses tratamentos, ajudando a restaurar a função renal e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

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